Pedro Henrique, de 20 anos, estava em presídio da zona leste de SP. Segundo a Defensoria, o local tem condições precárias
Pedro Henrique de Freitas Valle Nascimento, de 20 anos, que estava preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) da Vila Independência, na zona leste de São Paulo, morreu no último sábado (23), após ter sido picado por um bicho que, supostamente, seria um escorpião, conforme acusa a família. As informações foram confirmadas pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e pela Amparar (Associação de Amigos/as e Familiares de Presos/as).
O homem estava internado desde o dia 13 após passar mal na unidade prisional. Nas redes sociais, amigos e familiares dele fizeram posts em que pediam doação de sangue para ajudar no tratamento.
No último relatório de inspeção realizado pela Defensoria Pública no CDP da Vila Independência, foi constatado que a unidade apresentava “péssimas condições de instalação com diversos vazamentos de água em paredes e tetos, fiações expostas, falta de ventilação, iluminação e infestação de insetos e ratos nas celas”.
Em nota enviada ao R7, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que o último serviço de desinsetização no CDP foi realizado no dia 1° de abril deste ano, com validade de 180 dias. Além disso, afirma que, durante a vistoria de um juiz ao local, “não foi relatada, por parte dos presos, a presença de escorpiões”.
A administração informou, ainda, que a causa da morte de Pedro foi por lúpus eritematoso, coagulação intravascular disseminada, síndrome respiratória aguda grave e insuficiência renal aguda. Segundo acusação dos familiares do detento, não foi fornecido o atendimento médico necessário e com a rapidez requerida, devido à gravidade dos fatos.
Entretanto, segundo a SAP, ele vinha recebendo atendimento desde maio no ambulatório do CDP, com queixas de falta de apetite, diarreia, hipertensão e hipoglicemia.
Segundo a defensora pública Mariana Borgherese, é comum, durante as inspeções, encontrar condições precárias de convivência em diversas unidades prisionais. “Na esmagadora maioria das unidades, são muito comuns os casos de infestações de percevejos, baratas, ratos e outras pragas, que são causa de muitas doenças e mortes de pessoas que estão sob a tutela do Estado. Soma-se a isso a falta de atendimento de saúde suficiente e adequado também na maioria das unidades”, relatou.
No Centro de Detenção Provisória II da Chácara Belém, por exemplo, o Nesc registrou durante a inspeção que havia uma aranha possivelmente venenosa no interior da unidade (conforme registro fotográfico à fl. 13 do relatório), bem como pessoas presas com picadas de insetos; foram constatadas também em todos os setores da unidade infestações de baratas, piolhos, muquiranas e percevejos.
Pedro foi condenado em março deste ano e estava em regime semiaberto. Ele ainda estava na unidade prisional provisória porque aguardava vaga na cadeia.
*Estagiária, sob supervisão de Fabíola Perez e Márcio Pinho
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